Steve Jobs vs. Bill Gates

A Guerra Fria da Computação

Entre os códigos, o marketing e a imaginação estão dois homens, americanos e com a mesma idade, a mudar o mundo sem que ninguém desse conta das repercussões. Jobs e Gates são a fórmula mágica do ritmo que hoje vivemos. 

Os primeiros passos da computação

Steve Jobs acusa Bill Gates de «falta de imaginação» e de «descaradamente arrancar as ideias dos outros» Fonte. A rivalidade marcou a carreira destes dois pioneiros mundiais da tecnologia.

A Microsoft, de Gates, nasceu em abril de 1975 e começou a desbravar sozinha as teias da computação. No ano seguinte, Jobs, juntamente com Steve Wozniak e Ronald Wayne, fundou a Apple. Lado a lado, a Microsoft e a Apple, numa espécie de Guerra Fria, foram apresentando novas tecnologias e inovações nos seus produtos basilares. 

 

 

Com apenas 13 anos, Gates fundou, na escola, o Lakeside Programmers’ Club e escreveu o seu primeiro código — um programa para correr um jogo do galo. Sempre determinado a não permitir que a sua inexperiência o refreasse, Gates, era o membro mais novo do clube mas também um dos mais promissores.

Por seu turno, Jobs – que tinha sido adotado ainda em bebé – nunca se mostrou entusiasmado com a escola, terminando o secundário com uma média baixa.

Aos 15 anos, Gates já estava muito para além dos jogos do galo. Uniu forças com um membro do clube, Paul Allen, que era alguns anos mais velho do que ele, dando início a um projeto profissional que levaria os dois homens ao topo da lista dos mais ricos do mundo: a Microsoft, que numa primeira fase esteve para ser batizada de Unlimited Limited.

Foi durante os seus tempos universitários que Jobs frequentou aulas de caligrafia que mais tarde viriam a ser cruciais no desenvolvimento da fonte e tipografia da Apple. Protagonista de uma juventude bastante conturbada, trabalhou alguns anos na Atari (uma empresa norte-amaricana de videojogos) para depois ingressar numa viagem de sete anos pela Índia, onde se converteu ao budismo e experimentou drogas psicadélicas.

“Taking LSD was a profound experience, one of the most important experiences in my life. LSD shows you that there’s another side to the coin. It reinforced my sense of what was important—creating great things instead of making money.” [Tomar LSD foi uma experiência profunda, uma das mais importantes na minha vida. O LSD permitiu-me ver o outro lado da moeda. Reforçou o meu sentido para perceber aquilo que realmente é importante - criar coisas importantes em vez de fazer dinheiro]

Apple aposta no hardware e a Microsoft investe no software

O primeiro grande sucesso da recém-fundada Apple foi o desenvolvimento do Apple II, apresentado, em 1977. Esta nova tecnologia destacava-se por ser um computador para uso doméstico, com um teclado mais ágil e pronto a ser usado mal se retirasse da caixa. Já não era necessária uma sala com uma temperatura específica à semelhança dos «primeiros computadores».

 

Ao contrário da Apple, que investiu e investe na produção de software e hardware desde a sua origem, a Microsoft especializou-se na produção de software tendo apresentado o seu primeiro modelo de hardware em 2012 – o Surface. Deste modo, ao mesmo tempo que Jobs apresentava o Apple II, Gates apresentava o Microsoft Frontran.

A Guerra Fria

A década de 90 encetou uma nova fase desta Guerra Fria. Em 1995, ano do aparecimento da Internet, é apresentado o Windows 95, um sistema operacional da Microsoft completo e complexo para computadores pessoais.

Do outro lado da barricada, Jobs que abandonara a Apple após um período de cisão interna para fundar a NeXT, regressa em 1997 e encontra a empresa em decadência. A sua missão era agora recolocar a Apple na vanguarda da inovação. Para tal, criou em 1998 o iMac um computador com design sem precedente pelo material utilizado – plástico translúcido e colorido – e decretou a morte da cor padrão para PCs (o bege).

 

A estética aliada ao Marketing era a fórmula que Steve Jobs não dispensava para o sucesso de qualquer produto Apple.

 

Como a ambição nunca descansa, Gates apresentou também durante esta década uma série de atualizações ao Windows 95 como o Windows 98 e o Windows XP, já em 2001.

 

 

Pouco antes da viragem do século a Apple, depois do sucesso de vendas dos iMac, preparou uma nova revolução, lançando em 2000 o Mac OS X. O novo Mac OS X permitiu renovar e, até, aumentar as vendas dos produtos da Apple.

Outra das grandes vitórias do novo posicionamento da Apple foi a ramificação do seu mercado, passando a atuar na área das telecomunicações móveis (iPhone), e músicas digitais (iPod) com a integração de uma loja de venda de música e filmes pela Internet (iTunes).

 

 

 

 

Jobs apresentou o iPhone a 9 de janeiro de 2007. O iPhone foi colocado à venda nos Estados Unidos a 29 de junho de 2007 onde, desde madrugada, centenas de clientes faziam fila por todo país, ansiosos por adquirir a mais recente tecnologia da Apple.

 

Em 2001, a Microsoft também diversificou a sua oferta e entrou no mercado dos videojogos e torna-se a principal concorrente da Sony. A Xbox foi o grande sucesso da Microsoft no mundo dos videojogos.

 

 

 

A Xbox foi apresentada pela primeira vez, por Bill Gates, a 15 de novembro de 2001, nos Estados Unidos.

Em 2008, Bill Gates deixou a Microsoft para se dedicar exclusivamente, com a sua mulher Melinda, à fundação por eles criada em 2000. A Fundação Bill & Melinda Gates dedica-se ao combate da pobreza e ao investimento na investigação associada ao combate de doenças epidémicas.

Já Steve Jobs, que nunca se dedicou a projetos de solidariedade social, abandonou a presidência da Apple em 2011 devido ao agravamento da sua doença que se revelou fatal, ainda nesse ano. Pouco antes de morrer, Jobs recebeu uma visita de Gates onde falaram sobre as suas aprendizagens, empresas e família.

Depois da morte de Steve Jobs, a 5 de outubro de 2011, Gates afirmou: «Não estávamos em guerra. Fizemos grandes produtos e a competição sempre foi algo positivo». A Guerra Fria da Computação nunca causou danos ou feridos. Foi uma rivalidade saudável que trouxe ao mundo um novo ritmo vivencial.