Luis Paixão Martins

Luís Paixão Martins

O passado ajuda a preparar-nos para o futuro dos facebookes

Nem o Facebook nem a Cambridge Analytica descobriram a pólvora ao permitir, o primeiro, e ao promover, a segunda, o uso de dados pessoais para fins de manipulação política.

A história da nossa civilização está cheia de episódios e de protagonistas que prosseguiram os mesmos desígnios, umas vezes com objetivos nobres, noutras vezes, infelizmente a maioria, com propósitos desonestos.

Conhecer o passado é importante não porque relativiza os factos do presente, mas porque nos permita aperceber-nos melhor do que está a ocorrer, possibilitando uma maior compreensão das manobras e, provavelmente, dotando-nos de mecanismos de defesa.

No NewsMuseum existem duas exposições de que muito me orgulho e que são altamente recomendáveis para quem quer preparar-se adequadamente para os tempos do Facebook - e dos novos engenheiros da manipulação.

Na exposição O Jornalismo das Guerras, o curador José Rodrigues dos Santos introduz-nos no mundo complexo, desumano e perigoso dos grandes conflitos mundiais e das respetivas coberturas mediáticas. Compara-se nomeadamente a Guerra Civil de Espanha e o papel da Imprensa, a II Guerra Mundial e a ação da Rádio, a Guerra do Vietname e a importância da TV e da Imagem, e a Guerra do Golfo e o advento dos Diretos.

Na exposição Via da Propaganda, o curador Francisco Seixas da Costa apresenta-nos a história da comunicação e os bastidores das formas superiores de envolvimento das massas.

Nunca em momento algum, no entanto, uma única entidade recolheu tantos dados como está agora a fazer o Facebook, pelo que iremos enfrentar, no futuro próximo, formas até agora desconhecidas de manipulação. Mas, mesmo perante o desconhecido, é sinal de superior inteligência reconhecer e aprender com as experiências passadas.