1972
Jogos Olímpicos de 1972

Massacre de Munique

A 5 de setembro de 1972, o mundo acordou com imagens aterrorizadoras do grupo terrorista palestiniano Setembro Negro, que tinha invadido as instalações dos atletas israelitas nos Jogos Olímpicos de Munique.

Dois atletas israelitas haviam sido mortos, enquanto outros 9 estavam reféns.

Os raptores pediam a libertação de 234 prisioneiros políticos pelo governo de Israel.

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Conrad Ahlers, porta-voz da RFA

Conrad Ahlers, porta-voz da RFA
BR

Ainda no dia 5, Conrad Ahlers, porta-voz da República Federal da Alemanha, que estava para ser entrevistado no noticiário noturno, recebeu um telefonema do ministro das Relações Exteriores, que acabara de ser informado pela polícia que a operação de resgate se desenvolvera conforme o planeado. Ahlers anuncia, em plena televisão, que o resgate tinha sido realizado com sucesso.

Trinta minutos antes, a DPA, a agência noticiosa alemã, já tinha noticiado o sucesso da operação.

Na manhã de dia 6 de setembro, os jornais matutinos europeus lançavam manchetes com a notícia de que os reféns tinham sido libertados.

No entanto, a informação veio a revelar-se falsa.

Horas depois, notícias começaram a circular referindo que todos os reféns haviam sido mortos na operação de resgate, além de um polícia alemão e 5 terroristas.

A frase mais famosa a noticiar o sucedido foi proferida por Jim McKay, no canal norte-americano ABC.

"Foram-se todos."

“Quando era miúdo, o meu pai costumava dizer, ‘As nossas grandes esperanças e os nossos piores medos são raramente realizados’. Os nossos piores medos foram realizados esta noite. Disseram-me agora que havia onze reféns; dois foram mortos nos seus quartos ontem de manhã, nove foram mortos no aeroporto esta noite. Foram-se todos”.​

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Fonte: American Political History

American Political History

O atentado do grupo Setembro Negro foi um dos primeiros ataques a contar com uma alta difusão mediática ao vivo, até porque centenas de jornalistas provenientes de todo o globo estavam no local a fazer a cobertura dos Jogos Olímpicos de 1972.

Estima-se que cerca de 900 milhões de pessoas, em mais de 100 países, assistiam ao desenrolar dos eventos, através da televisão.

O canal britânico BBC tinha montado a maior operação de cobertura mediática nos Jogos Olímpicos de Munique, e David Coleman acompanhou as negociações entre os terroristas e a polícia alemã durante toda a tarde.

"A masked figure of doom" ("uma figura mascarada da desgraça") foi a legenda dada à imagem que ficou conhecida como a imagem do massacre, pela revista Life.

Após os despojos da 2.ª Guerra Mundial e as consequências do nazismo, a Alemanha procurava auferir uma boa imagem e reputação perante o mundo, e os Jogos Olímpicos de Munique eram o meio perfeito para alterar a imagem do país.

Anos antes, em 1936, os Jogos Olímpicos que tiveram lugar em Berlim tinham já sido palco da manifestação da propaganda nazi.

As Olimpíadas de 1972 prometiam ser a reviravolta para a Alemanha, numa demonstração de alegria, união e paz. Com o propósito de mostrar uma Alemanha mais amigável, a segurança foi deliberadamente reduzida.