Em todas as línguas
Fátima é uma das principais referências portuguesas nos Media globais num fenómeno crescente desde 1917
Em Maio de 1917, num pequeno lugar da zona centro de Portugal, três crianças pobres que guardavam rebanhos juraram ter visto a Virgem Maria.
Ignorados ou ridicularizados pela imprensa nacional e sem o apoio das instituições católicas, indisponíveis para se comprometerem com o que tanto poderia configurar um milagre como uma fraude, os relatos dos pastores não encontravam apoio em mais do que alguma – pouca – imprensa local.
Porém, a alegada repetição das aparições a cada dia 13 levava à Cova da Iria, mês após mês, um número cada vez maior de curiosos – parte movida pela vontade de acreditar, parte pela de desacreditar.
E, mais cedo ou mais tarde, autoridades civis e religiosas iam ter de começar a olhar para o que estava a acontecer.
O momento chegaria em Outubro: uma multidão estimada em pelo menos 50 mil pessoas assiste ao que umas testemunhas designam de “milagre do Sol” e outras de “alucinação coletiva”.
O fenómeno tornara-se impossível de ignorar e ganhava honras de primeira página, mesmo na imprensa anticlerical.
Ao longo dos anos, Fátima haveria de se impor à imprensa mundial e à própria Igreja.
Tornou-se destino do turismo religioso internacional, paragem obrigatória para papas, eixo da mensagem católica do século XX.
Sobreviveu à difícil coexistência com a Primeira República e habitou lado a lado com o Estado Novo, ora ignorada, ora instrumentalizada pela ditadura.
E, quando eclodiu a revolução de Abril de 74, era já demasiado grande para cair ou tremer.
Em todas as línguas do mundo, dos seus próprios meios de comunicação aos mais hostis, há um século que é presença assídua na imprensa global. Atraindo cada vez maior cobertura mediática, o apelo de Fátima parece tão irresistível a crentes como detratores.