Carlos Pinto Coelho

Comunicador que marca gerações, Carlos Pinto Coelho fica imortalizado na memória dos portugueses como o «Senhor Acontece». A sua carreira passa pela Imprensa, Rádio e TV

«E assim, acontece». Esta foi a frase que imortalizou o jornalista Carlos Pinto Coelho, comummente chamado de «Senhor Acontece».

O jornalista esteve sempre intimamente ligado ao programa cultural que teve na RTP2, de 1994 a 2003.

Apesar de ter feito carreira na RTP por 26 anos, Carlos Pinto Coelho não esteve apenas associado à televisão.

Carlos Nuno de Abreu Pinto Coelho nasceu em Lisboa a 18 de abril de 1944. No ano seguinte mudou-se, com a família, para Moçambique.

Filho de um juiz e da jornalista e escritora Sarah Augusta de Lima e Abreu, Carlos Pinto Coelho regressou a Portugal em 1963.

Começou por frequentar a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa mas, ao chumbar à disciplina de Direito das Sucessões, acabou por desistir mais tarde.

Foi nesta altura que o bichinho do jornalismo o mordeu.

Imprensa, rádio e televisão

Em 1968, ingressou no Diário de Notícias como repórter. Em abril de 1975, acabaria por sair do jornal, sob a tumultuosa direção de Luís de Barros e José Saramago.

Mais tarde, encontrava-se entre os fundadores do Jornal Novo, dirigido por Artur Portela.

Até 1977 foi redator da Agência de Notícias A.N.I., correspondente em Portugal da rádio Deutsche Welle e redator da revista Vida Mundial, dirigida por Natália Correia.

Em 1982 assumiu a direção executiva da revista Mais, altura em que iniciou igualmente a sua colaboração com a RTP. Foi diretor-adjunto de Informação (1977), chefe de redação do Informação/2 (1978), diretor de programas (1986-1989) e diretor de Cooperação e Relações Internacionais (1989-1991).

Carlos Pinto Coelho não se ficava por aqui.

Na rádio foi locutor das estações TSF, Rádio Comercial, Antena 1 e Teledifusão de Macau, distinguindo-se especialmente com a apresentação do magazine Acontece, entre 1994 e 2003.

Em 2003 estreava-se como professor de jornalismo na Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Tomar.

Entre vários cargos que ocupou, destacam-se os de membro do Conselho de Administração da Europa TV (1986-1987), coordenador dos Encontros de Televisões de Língua Portuguesa (1989-1992), júri dos Prémios Emmy de Jornalismo de Investigação (1984) e do Fantasporto (1986).

Os seus interesses extrapolavam entre a África lusófona e a fotografia. 

«Não há dia nenhum que chegue à minha varanda do Alentejo e olhe para o céu - e o céu todos os dias está diferente - em que não tenha de ir procurar a minha câmara fotográfica, porque desta vez, desta vez é que estas nuvens são as melhores de sempre»

O reconhecimento

A 9 de junho de 2000, o jornalista era nomeado Comendador da Ordem do Infante D. Henrique. Em 2009, recebia o título de Oficial da Ordem das Artes e das Letras de França.

No jornalismo, destacou-se ainda com o Prémio Bordalo, na categoria de Televisão, pela Casa da Imprensa (1995), o Grande Prémio Gazeta, do Clube dos Jornalistas (1997), e o Prémio Carreira Manuel Pinto de Azevedo Jr., d’O Primeiro de Janeiro (2002).

A sua fama com o programa Acontece ultrapassava barreiras.

De tal forma, que Herman José chegou a imitar o jornalista no seu programa cómico da altura, Herman Enciclopédia.

 

 

Carlos Pinto Coelho faleceu a 15 de dezembro de 2010.

O grande senhor por detrás da projeção da cultura em Portugal, através do mais antigo jornal cultural da Europa, deixaria um grande legado atrás.

«Sou um homem sem pátria, sem terra, sem raiz, sem sítio, um homem do tempo, do dia, do momento. Corri mundo, conheci muita gente e muita coisa que me enriqueceu. Não é aqui, onde estou de passagem, que tenho o meu coração. Tenho-o no sítio onde estou, no momento em que estou. E não sei qual será o último e onde estarei quando morrer».