Joshua Benoliel
Um fotojornalista não é um “bate-chapas”. Isso é evidente em Benoliel. Ele fotografa os principais acontecimentos do seu tempo, mas além do conteúdo, as suas fotografias são esteticamente belas. Momentos importantes da História de Portugal são recordados a partir ao seu trabalho
O fotojornalismo
A primeira fotografia de Joshua Benoliel foi publicada na revista Tiro Civil no ano de 1899. O fotógrafo nasce em 1873, no seio de uma família judaica estabelecida em Cabo Verde.
É nas primeiras duas décadas do século XX que o seu trabalho se faz notar. Acompanha a Casa Real, que gosta do seu trabalho e o convida para fotógrafo oficial das suas viagens. Era um apoiante da causa monárquica, embora à pergunta: «És monárquico ou republicano?» respondesse sempre da mesma forma: «Sou fotógrafo».
As suas fotografias caracterizavam-se pelo intimismo e humanismo com que abordava os temas.
Joshua Benoliel é considerado o criador da reportagem fotográfica em Portugal. Fez a cobertura jornalística de grandes acontecimentos da sua época, como as viagens dos reis D. Carlos e D. Manuel II ao estrangeiro. A Revolução de 1910 e as revoltas monárquicas durante a Primeira República foram acontecimentos que também não escaparam à lente de Joshua Benoliel.
Durante a Primeira Guerra Mundial, o fotógrafo acompanhou o exército português que combateu na Flandres. Trabalhou para o jornal O Século e para a revista do mesmo jornal, a Illustração Portugueza. Colaborou ainda com as revistas O Occidente (1878-1915) e Panorama (1837-1868). O seu trabalho viu ainda luz no Brasil, nas publicações Atlantida (1915-1920) e Brasil-Portugal (1899-1914). A 13 de dezembro de 1921, foi condecorado com a Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.
Joshua Benoliel, através do seu trabalho, abriu caminho para que o Fotojornalismo em Portugal possa ter, hoje, o seu espaço de afirmação.
O fotojornalista Eduardo Gageiro disse em 2005, ao Jornal de Letras: «Um fotojornalista não é um “bate-chapas”. Isso é evidente em Benoliel. Ele fotografou os principais acontecimentos do seu tempo, mas além do conteúdo, as suas fotografias são esteticamente belas. É isso que aprecio muito na sua obra, sobretudo se pesarmos que na altura não havia máquinas digitais, nem automáticas, as películas eram muito lentas. Fico deslumbrado como é que ele – e outros, embora ele seja um expoente – conseguia fazer aquelas imagens espantosas».
Joshua Benoliel faleceu a 3 de fevereiro de 1932, aos 59 anos, deixando uma herança fotográfica de Portugal e das suas gentes.