Voz da Fátima: 100 anos
Desde a primeira publicação, a 13 de outubro de 1922, o jornal “Voz da Fátima” destinou-se a divulgar os fenómenos e acontecimentos de Fátima. Tornou-se um meio de comunicação fundamental não só para os fiéis, mas também para difundir Fátima como o Altar do Mundo.
A exposição audiovisual marca as comemorações do centenário do jornal católico com maior tiragem atualmente: mais de 62 mil exemplares a saírem mensalmente. O órgão oficial de informação e formação do Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima é divulgado em formato digital e em papel.
Desde a sua criação que o jornal mais antigo do Santuário de Fátima difunde os fenómenos do local com crónicas muito detalhadas. Fundado na Cova da Iria, por Manuel Marques dos Santos, o jornal local foi fundamental num processo que haveria de impor Fátima não só à própria Igreja, como à Imprensa nacional e mundial.
Os vários números do “Voz da Fátima” permitem-nos traçar a história do Santuário. A leitura de rubricas, como o “Movimento no Santuário” permite-nos saber quem foram as pessoas que se deslocaram ao Altar do Mundo, quer se tratassem de fiéis, peregrinos ou até curiosos.
O jornal revelou-se como uma plataforma de comunicação ao longo das várias épocas. O espaço da publicação aberto à comunidade, denominado “Comunicação de Graças”, informa-nos sobre quem eram os leitores, bem como quais eram as suas preocupações ou as sensações e sentimentos sobre Fátima.
Através do “Voz da Fatima” é possível ler as preocupações de Portugal e do mundo em cada época, desde a 2.ª Guerra Mundial, à Guerra Fria ou à Revolução de Abril. O tema da Paz é intensamente tratado, nomeadamente no que respeita ao destaque de Pio XII, o Papa que consagrou a internacionalização de Nossa Senhora de Fátima quando em plena Guerra Mundial, em 1942, fala em português ao mundo para proclamar a devoção ao Imaculado Coração de Maria, um pedido feito por Nossa Senhora durante a sua aparição aos três pastorinhos.
A 13 de maio de 1946, o Papa Pio XII faz-se representar pelo Cardeal Aloisi Masella em Fátima, para coroar a imagem de Nossa Senhora.
Em 1958, a “Voz da Fátima” consagrou o número de novembro à memória do Papa Pio XII.
A partir de 1940, com o impacto da divulgação da primeira e segunda parte do segredo de Fátima e com as alterações do contexto geoestratégico e geopolítico consequente à Guerra Fria, Fátima começa a internacionalizar-se num ritmo mais intenso.
Respondendo à propagação global do fenómeno de Fátima, o jornal procura chegar aos inúmeros fiéis espalhados pelo mundo. Em 1946 surge a primeira publicação periódica do Santuário em língua estrangeira. Surgem publicações em vários idiomas para além da língua portuguesa.
O “Voz da Fátima” apresenta o suplemento Ano Santo, que se destina a refletir sobre o Jubileu e as dinâmicas eclesiais da celebração, mas ao mesmo tempo expõe o contexto político do país. Esta situação é particularmente notória após a Revolução de Abril, depois do número de maio de 1974. A partir dessa data é possível ler a construção do regime democrático a partir do tema do Ano Santo e percecionar a posição da Igreja face aos movimentos políticos. A Igreja destaca a importância da reconciliação, considerando esta noção fundamental para se atingir a verdadeira democracia e a verdadeira liberdade.
A relevância do “Voz da Fátima” assenta também no seu excecional potencial de informação histórica. As páginas do jornal são uma janela para os momentos mais marcantes dos cem anos de vida do Santuário Mariano. Citando Marco Daniel Duarte, Diretor do departamento de Estudos do Santuário: o jornal Voz da Fátima não é um acrescento ao Santuário de Fátima. Faz parte desse edifício que é o próprio Santuário (…). É uma Instituição dentro de uma Instituição.