1978
TRÊS GOVERNOS
1978 foi um ano de crises sucessivas de (des)governo: três até ao fim do ano. Começou com as negociações para a formação do II Governo Constitucional, o primeiro e único entre o Partido Socialista e o Centro Democrático e Social (CDS), que tomou posse no fim de janeiro e durou até agosto.
No verão, o CDS retirou a confiança no Executivo, chefiado por Mário Soares, e surgiu o primeiro “Governo de iniciativa presidencial”. Depois de semanas de intrincadas negociações, tomou posse o III Governo Constitucional, que o Presidente Eanes tinha incumbido Nobre da Costa de formar.
O novo Executivo não chegou aos três meses de vida. Em novembro, novo Governo (o IV Constitucional) “de iniciativa presidencial”, chefiado por Mota Pinto.
No meio das crises de governo, mais vindas e idas de responsáveis do FMI, para preparar o terceiro “pacote” de ajuda financeira, que se saldaria por aumentos de transportes, eletricidade, gás, água, correios e outros serviços e produtos.
Lá fora, duas mortes comoveram e impressionaram o mundo. Uma delas foi a do Papa João Paulo I, que dirigiu a Igreja Católica durante apenas 33 dias, depois de ter sucedido a Paulo VI, falecido em agosto. A outra foi a do ex-primeiro-ministro italiano e presidente do Partido Democrata-Cristão Aldo Moro, assassinado a tiro pelo grupo de extrema-esquerda Brigadas Vermelhas depois de ter sido mantido em cativeiro durante quase dois meses e de o Governo não ter cedido às suas exigências.
O rei Juan Carlos efetuou a primeira visita a Portugal de um chefe de Estado espanhol desde o estabelecimento da democracia nos dois países ibéricos, passou a ser proibido fumar em todas as repartições públicas e a escolaridade obrigatória passou de quatro para seis anos.
Nasceu o primeiro bebé fruto de fertilização artificial, Louise Brown, ao fim de 30 anos a Volkswagen deixou de fabricar o “carocha” e a escolaridade obrigatória passou de quatro para seis anos.
No Expresso, 1978 foi o ano em que, depois do êxito da secção ExpressoEmprego, foi criada a de Imobiliário.
O que nunca se concretizou foi o que o jornal publicara na primeira página de 4 de março. Sob uma foto da Praça de Espanha dizia-se que esse ponto nevrálgico de Lisboa podia mudar de face “muito em breve”. Um projeto de urbanização encomendado pela Câmara Municipal de Lisboa previa para o local as sedes do Banco de Portugal e do Metropolitano, a Ordem dos Engenheiros e o Museu de Arte Moderna.
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