1991
GUERRA NO GOLFO, PAZ EM ANGOLA
Depois do que aconteceu nos anos anteriores no leste europeu, com o desmoronamento do bloco soviético, o mundo assistia a nova recomposição geoestratégica, agora no Médio Oriente: a primeira guerra do Golfo, que iria ser a semente do caos político e social que nos anos seguintes abalaria a região e levaria à queda de vários regimes.
No início do ano, os Estados Unidos, à frente de uma coligação internacional, invadiu o Iraque e derrubou o regime de Saddam Hussein, que se recusava a retirar do Kuwait, invadido em agosto do ano anterior sob a acusação de lhe “roubar petróleo” em campos petrolíferos encavalitados na fronteira entre os dois países.
Outro acontecimento marcante do ano foi a assinatura do acordo de paz para Angola, entre o Presidente José Eduardo dos Santos e o líder da UNITA, Jonas Savimbi, em Bicesse (Estoril), sob a bênção de Cavaco Silva.
Foi anunciado um avanço científico — iam começar os transplantes de fígado em Portugal —, multiplicaram-se notícias sobre o canal televisivo para a Igreja Católica e houve duas grandes polémicas, uma mais pública (o recém-criado Banco Comercial Português não empregava mulheres), outra mais reservada, a sucessão na liderança na Fundação Gulbenkian, após a saída do histórico Azeredo Perdigão.
Um chefe da máfia italiana foi morto a tiro em Cascais por rivais e, em agosto, a Indonésia prendeu o enviado do Expresso a Timor-Leste, onde três meses depois chacinou mais de duas centenas de timorenses no cemitério de Santa Cruz.
Nas obras públicas foi completada a autoestrada do Norte e aberto o troço de autoestrada Estoril-Cascais às 19 horas de domingo 5 de outubro, hora a que fechavam as urnas das eleições que deram a vitória ao PSD (sinal disso ou não, o PS anunciaria que ia cortar com “a tradição macambúzia do partido” e mudar a sua imagem).
Mas a grande novidade do ano foi que as portagens passaram a poder ser pagas por “meio eletrónico”. Nascia a Via Verde.
Entretanto já havia cinco interessados na construção da Ponte Vasco da Gama, era anunciado que a Ponte 25 de Abril estava seriamente degradada e abria o primeiro McDonald’s em Portugal, no CascaisShopping.
Das notícias “da casa” ressaltam duas. Quase no fim do ano, o carro do proprietário do Expresso, Francisco Pinto Balsemão, foi levado, com o motorista, por assaltantes que tinham acabado de assaltar a ourivesaria no hotel Ritz de Lisboa.
No último sábado de 1991, o Expresso chegou ao número 1000, o que foi assinalado com uma grande iniciativa editorial: uma revista especial de quase 200 páginas, a cores, com as biografias de 1000 personalidades que a redação do jornal considerou as principais figuras da História do século XX.
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