2017

04/27/2017

O PAÍS A ARDER​

No dia 13 de maio, durante as celebrações do centenário das Aparições, Francisco e Jacinta Marto foram canonizados pelo Papa Francisco no Santuário de Nossa Senhora de Fátima.

No mesmo dia 13 de maio, o Benfica celebrou mais um campeonato e Portugal venceu pela primeira vez o Festival da Eurovisão, que se realizou em Kiev, na Ucrânia, com a canção ‘Amar pelos Dois’ interpretada por Salvador Sobral.

Em setembro, Madonna revelou que estava a residir em Lisboa. O filho veio jogar futebol para a formação do Benfica e ela quis experimentar ser uma soccer mom. Chegou numa altura agitada com o caso dos e-mails. “Presidente do Benfica e assessor jurídico trocaram e-mails com delegado da Liga sobre árbitro. ‘Temos de dar-lhe cabo da nota’, comentou Vieira”, escreve o Expresso. Esse processo de corrupção de árbitros a favor do Benfica daria origem ao e-toupeira, processo em que Paulo Gonçalves, advogado do clube, teria subornado funcionários judiciais para o manterem informado sobre inquéritos em curso. Também foi neste ano que o videoárbitro (VAR) se estreou em Portugal, na final da Taça de Portugal entre o Benfica e o Vitória de Guimarães.

O PS venceu as eleições autárquicas, liderando 159 municípios. Fernando Medina manteve Lisboa e Rui Moreira manteve o Porto. O PSD teve o pior resultado da sua história, levando Pedro Passos Coelho a não se recandidatar a líder do partido.

Começou a ganhar larga exposição nas redes sociais o movimento #MeToo, de denúncia contra casos de assédio sexual e de violação. O primeiro a cair foi o produtor de Hollywood Harvey Weinstein. O sexismo continuou em alta quando o presidente do Eurogrupo, o neerlandês Jeroen Dijsselbloem, disse que “não se pode gastar o dinheiro todo em copos e mulheres e depois pedir ajuda”, referindo-se aos países do Sul da Europa.

O decreto que regulamenta o acesso à gestação de substituição, as barrigas de aluguer, foi aprovado, e o Expresso conta o primeiro caso: “Avó vai dar à luz o próprio neto.

Maria, de 49 anos, quer carregar o bebé que a filha não pode ter”. Mas, no ano seguinte a lei foi declarada inconstitucional.

Morreram Mário Soares, Belmiro de Azevedo, Zé Pedro, John Berger, Chuck Berry, Baptista-Bastos, Américo Amorim, Sam Shepard, Fats Domino, Johnny Hallyday…

A 17 de junho, um incêndio no concelho de Pedrógão Grande juntou-se a outro no concelho de Góis, dando origem ao maior incêndio florestal de sempre em Portugal, com 58 km de extensão, que queimou 53 mil hectares e causou 66 mortos (incluindo 30 que morreram nos seus automóveis e 17 nas estradas enquanto tentavam fugir). Um relatório apontou como causa o contacto entre a vegetação e uma linha elétrica de média tensão, mas as altas temperaturas e a trovoada seca contribuíram para esse e para os incêndios que ocorreriam a 15 de outubro no Centro e Norte de Portugal e que consumiram mais de 50 mil hectares, causando 50 vítimas mortais. Nunca os incêndios florestais tinham tirado a vida a tantas pessoas num só ano.

Na Madeira, uma árvore caiu sobre a multidão que estava numa festa religiosa e matou 13 pessoas.

Com o terrorismo na ordem do dia, foi preocupante o assalto aos Paióis Nacionais de Tancos, com o furto de armas e material de guerra. Se o caso já era singular, mais inusitado ficou quando se descobriu que, por rivalidade com a PJ, a Polícia Judiciária Militar encenou com os assaltantes a recuperação das armas. A história levou à demissão do ministro da Defesa, José Azeredo Lopes, e do chefe do Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte.

Em Angola, João Lourenço sucedeu a José Eduardo dos Santos, que tinha estado 38 anos no poder. Pouco tempo depois já se podia ler no Expresso: “Presidente de Angola ataca interesses de Eduardo dos Santos”.

A Catalunha viveu um ano agitado com o referendo à sua independência e a resposta musculada do Governo de Madrid. O presidente catalão Carles Puigdemont declarou a independência e fugiu para a Bélgica, mas muitos dos líderes da revolta foram presos.

Barcelona foi uma das cidades martirizadas pelo Estado Islâmico. Um atropelamento em massa no passeio das Ramblas fez 15 mortos. Em Londres, em março, junto ao parlamento de Westminster, vários transeuntes foram atropelados numa ponte e um polícia esfaqueado (5 mortos); em junho, atropelamentos na London Bridge e esfaqueamentos (8 mortos); em Manchester, um suicida fez-se explodir junto ao público que saía de um concerto de Ariana Grande (22 mortos); em Nova Iorque, um homem atropelou pessoas numa ciclovia (8 mortos); em Estocolmo, atropelamentos numa rua pedonal (5 mortos).
 

 

Expresso 2017