O segredo

O Segredo de Fátima é um conjunto de revelações da Virgem Maria a três crianças portuguesas: Lúcia de Jesus dos Santos, Francisco Marto, e Jacinta Marto - os três pastorinhos, no dia 13 de julho de 1917, na Cova da Iria.

De maio a outubro de 1917, as três crianças reivindicam ter testemunhado a aparição de «uma Senhora mais brilhante do que o Sol». 

Na perspectiva de Ratzinger, expressa em documento datado de 26 de Junho de 2000, os chamados “segredos de Fátima” deveriam ser interpretados de acordo com uma «visão profética, comparável às da Sagrada Escritura».

O Primeiro Segredo

O primeiro relacionava-se com uma visão do inferno transmitida às crianças e a perda das almas durante a Primeira Guerra Mundial. Terá sido comunicado por Nossa Senhora aos pastorinhos também na terceira aparição, a 13 de Julho de 1917.

Eis a transcrição de Lúcia, elaborada em 1941:

«Nossa Senhora mostrou-nos um grande mar de fogo que parecia estar debaixo da terra. Mergulhados neste fogo os demónios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras ou bronzeadas com forma humana, que flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que delas mesmas saíam, juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das faúlhas em os grandes incêndios, sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor. Os demónios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes e negros. Esta vista foi um momento, e graças à nossa boa Mãe do Céu, que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o Céu (na primeira aparição)! Se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor».

O Segundo Segredo

O segundo segredo – comunicado no mesmo dia que o primeiro – dizia que, se os homens não se emendassem, sofreriam um duro castigo, sob a forma de uma guerra ainda mais cruel. Determinava o culto ao Imaculado Coração de Maria e a antecipava a conversão da Rússia.

Segue a transcrição, também de 1941:

«A guerra (I Guerra Mundial) vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior.Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir, virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora dos primeiros sábados. Se atenderem aos meus pedidos, a Rússia irá converter-se e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja; os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas; por fim, o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz».

O Terceiro Segredo

Foi imensa a especulação em torno do chamado “terceiro segredo de Fátima”. Durante quatro décadas levantaram-se as mais variadas teorias em torno do seu conteúdo. Teorias reforçadas pelo facto de pelo menos dois Papas – João XXIII e Paulo VI – terem tomado conhecimento do texto, supostamente comunicado por Nossa Senhora de Fátima aos três pastorinhos na terceira aparição, em 13 de Julho de 1917. Dizia-se que o “terceiro segredo” preocupara de tal maneira aqueles dois Sumos Pontífices que nenhum deles quis partilhá-lo com as centenas de milhões de fiéis do mundo católico.

Entre os rumores mais persistentes, que começaram a circular sobretudo na década de 70, incluía-se uma possível alusão da mensagem a uma guerra nuclear. A morte violenta de um Papa ou a ascensão de um impostor ao posto cimeiro da Igreja Católica eram outras teses recorrentesde supostos conhecedores do segredo, que permaneceu bem guardado durante 43 anos no arquivo secreto do Santo Ofício, no Vaticano.

Ao contrário dos boatos alimentados ao longo dos anos por muitas imaginações delirantes, não havia referências à guerra nuclear e muito menos a um suposto usurpador sentado no Vaticano.

Mas, de forma alegórica, o “terceiro segredo” aludia a um profundo sofrimento e até à morte de um Papa.

Eis a transcrição do seu conteúdo (mantendo a grafia original):

“Vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora um pouco mais alto um Anjo com uma espada de fôgo em a mão esquerda; ao centilar, despedia chamas que parecia iam encendiar o mundo; mas apagavam-se com o contacto do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro: O Anjo apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: Penitência, Penitência, Penitência! E vimos n'uma luz emensa que é Deus: “algo semelhante a como se vêem as pessoas n'um espelho quando lhe passam por diante” um Bispo vestido de Branco “tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre”. Varios outros Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fôra de sobreiro com a casca; o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em ruínas, e meio trémulo com andar vacilante, acabrunhado de dôr e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de juelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam varios tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns trás outros os Bispos Sacerdotes, religiosos e religiosas e varias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de varias classes e posições. Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal em a mão, n'êles recolhiam o sangue dos Martires e com êle regavam as almas que se aproximavam de Deus.”