Antagonistas
No reverso da moeda da Propaganda há intelectuais que ensaiam, nos sótãos dispersos na história e no mundo, a crítica da ilusão de massas. Como George Orwell, Noam Chomsky, Pacheco Pereira
Um instrumento injustificável ou uma necessidade incompreendida?
Estes homens não tiveram dúvidas: a Propaganda é nefasta e deve ser combatida a todo o custo – a bem do pensamento crítico e da expressão individual.
Noam Chomsky
Ativista político, linguista, professor
“A Propaganda é, para uma democracia, aquilo que o cassetete é para um estado totalitário”.
Nascido em 1928, Chomsky foi uma voz crítica do envolvimento dos Estados Unidos na guerra do Vietname, alertando para os perigos da Propaganda em democracia.
Chomsky considera os Media a ferramenta mais eficaz para exercer esse controlo, ficando assim ao serviço do poder e dos filtros que este cria.
George Orwell
Repórter, soldado, escritor
“Toda a Propaganda é mentira, mesmo quando alguém está a dizer a verdade”.
Nascido em 1903, Orwell foi um visionário. A sua obra mais popular, 1984, alertou em 1949 para uma sociedade fortemente controlada, com os meios de comunicação a espartilharem qualquer expressão individual.
A lição que retirámos daí? Ter dado o nome de “Big Brother”, o personagem que simbolizava este controlo, ao primeiro reality-show de 24 horas sobre 24 horas.
José Pacheco Pereira
Historiador, comentador, politólogo
“Já não há verdadeiramente atividade governativa a não ser sessões de Propaganda, uma a seguir às outras”.
Pacheco Pereira não tem dúvidas ao afirmar que a qualidade dos Media portugueses “é má” e que a maioria das perguntas não tem qualquer espécie de relevância, não são preparadas e não são pensadas”.
O aviso é claro: estamos perante “a espetacularização do espaço público, que é o terreno ideal dos manipuladores”.
Howard Zinn
Historiador, Politólogo, autor
“Se os responsáveis pela nossa sociedade conseguirem dominar as nossas ideias, eles vão estar seguros no seu poder”.
Para Zinn todos nós somos a peça-chave da Propaganda, já que praticamos a autocensura.
Zinn acreditava que os relatos da guerra do Vietname que chegavam à narrativa oficial eram deturpados. Acima de tudo, por serem pouco focados na real história das populações.
Gore Vidal
Escritor, ensaísta, ativista
“A imprensa americana existe com apenas um propósito: convencer os americanos que estão a viver no melhor e mais invejado país na História do mundo”
Foi opositor feroz não só da Guerra do Vietname como também da Guerra do Iraque. Denunciou o comportamento dos Media, que tanto o dececionavam, durante estes conflitos.
Informar deixou de ser uma prioridade? Gore Vidal vai mesmo mais longe e declara que é a última coisa que a América corporativa deseja fazer.