Manuela Moura Guedes

Irreverente, ousada e corajosa. Inicia a carreira no Jornalismo na RTP e celebriza-se na TVI, como pivô do "Jornal Nacional."

No final dos anos 70, uma jovem estudante de Direito candidata-se a uma vaga na RTP e selecionada entre milhares de candidatos para o cargo de locutora de continuidade.O seu nome é Manuela Moura Guedes.

Presta provas, convencida que vai para a Informação do canal público, mas acaba no Entretenimento. Permanece na área três anos. Depois de apresentar o segundo Festival da Canção, faz um ultimato: ou passa para a Informação ou deixa a RTP. A ousadia dá frutos.

Apesar de já ter experiência em frente das câmaras, Manuela Moura Guedes decide começar do princípio. Integra o programa "Intercâmbio Regional" e passa, mais tarde, para o "País País". É a mais nova na redação do programa.

A sua primeira reportagem leva-a até Freiria, onde retrata a vida na freguesia através das estórias de duas crianças. Acaba por transitar para o "Telejornal".

A chegada do músico brasileiro João Gilberto a Lisboa, um trabalho que lhe rouba horas de sono, é a sua primeira reportagem. A sua afirmação como jornalista não é fácil. Sente a necessidade de alterar a sua imagem pública e de se notabilizar pela credibilidade.

Depois de um ano na Informação, desenvolve a primeira reportagem de investigação no terreno.Tratava-se de uma peça sobre um negócio que envolve a Câmara Municipal de Lisboa e o Sporting Clube de Portugal. Uma reportagem que a torna alvo de insultos, vandalismo e da ameaça de um processo judicial. Decide processar o jornal do Sporting e o Presidente do clube, João Rocha. O Tribunal dá-lhe razão. É a primeira jornalista portuguesa a «pôr um processo de difamação a alguém por causa do exercício do jornalismo».

Manuela Moura Guedes transita da secção de Sociedade para a Política, tornando-se a principal repórter da área na RTP. Coloca uma questão a Cavaco Silva sobre uma contradição referente à lei da rádio. O político insiste que não existe contradição. A jornalista confronta-o com o despacho. A equipa da RTP apressa-se a regressar à redação, para que a peça passasse no Telejornal. No dia seguinte, Manuela Moura Guedes é destacada para a Sociedade.

Acaba por transitar para o Jornal das 9, no Canal 2. O seu percurso na Informação é feito de várias lutas e de uma constante atitude de questionamento. Certas reportagens chegam mesmo a não ir para o ar. Nas redações que dirige, procura incutir a ideia do jornalista enquanto contador de estórias.

Estórias como a da pobreza das famílias setubalenses, uma reportagem que marca a sua carreira. A peça obriga o Governo a admitir ao país que ainda há fome em Portugal. Deixa a informação diária para apresentar Raios e Coriscos, um formato inovador de entrevista e debate. Inicialmente mal aceite pela crítica, o programa torna-se um êxito. Sem investimento em meios, recusa-se a fazer uma segunda série.

Decide sair da RTP no próprio dia. Interrompe a carreira no jornalismo em 1995, ano em que é eleita deputada à Assembleia da República. Uma experiência que lhe permite ver a política por dentro e o jornalismo por fora. A imagem não é agradável. Chega a ser boicotada pelos antigos colegas de profissão.

Regressa ao jornalismo na TVI.