1983
ATENTADOS INTERNACIONAIS CHEGAM A PORTUGAL
O ano começou com a crise do Governo Balsemão e as hesitações do Presidente Eanes em decidir se aceitava um novo primeiro-ministro ou decretava eleições antecipadas. Optou por esta última solução, no início de fevereiro, e marcou-as para 25 de abril. Em junho tomava posse o primeiro governo de coligação PS/PSD.
No mês seguinte aumentou o preço do gasóleo, para o equivalente a 20 cêntimos o litro, e prosseguiam as negociações sobre a adesão de Portugal à CEE.
1983 foi o ano da estreia em Portugal de atentados internacionais.
Primeiro foi uma figura destacada da Organização de Libertação da Palestina (OLP), Issam Sartawi, abatido a tiro por um atirador de um grupo radical palestiniano no hall do hotel do Algarve aonde tinha vindo participar na reunião da Internacional Socialista.
Depois foi o ataque de um comando de cinco arménios à embaixada da Turquia em Portugal. O Grupo de Operações Especiais (GOE) da PSP pôs termo à ocupação da missão diplomática, naquela que seria a sua primeira operação em contexto real, que se saldou por sete mortos: os cinco arménios, a mulher de um diplomata turco e um polícia português.
Na outra ponta da Europa, um caça soviético abatia um avião de passageiros sul-coreano que teria entrado inadvertidamente no espaço aéreo da URSS: 269 mortos.
Um “monumento marítimo” que já tinha entrado no anedotário nacional e no léxico, como sinónimo de desleixo e imobilidade, mexeu-se finalmente. Especialistas alemães tinham conseguido endireitar finalmente o cargueiro “Tollan”, que se tinha virado três anos antes e ficado encalhado de casco para cima em frente ao Terreiro do Paço. E lá se ia o neologismo sinónimo de imóvel — “é um ‘Tollan’, não se mexe”.
Para este ano, mais duas notas. Foi anunciado que o Serviço Militar Obrigatório passava a abranger as mulheres, mas... “em momento oportuno”, por questões financeiras. E foi proibido um espetáculo de Julio Iglesias, para “evitar a saída de divisas do país”, que passava por uma grave situação financeira, como o atesta a criação de um “imposto de salvação nacional”.
No Expresso, em outubro, mudava o diretor. Saía Augusto de Carvalho, entrava José António Saraiva.
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