1995
A MARQUISE DE CAVACO
Um dos protagonistas do ano foi António Guterres, que se tornou primeiro-ministro depois de o PS ter ganho as eleições de 1 de outubro. Outros nomes que se destacaram foram o de Freitas do Amaral, eleito presidente da Assembleia- Geral das Nações Unidas, Durão Barroso e Fernando Nogueira (em luta pela liderança do PSD), Ramalho Eanes (que se declarava pronto para avançar para a Presidência) e D. Duarte Nuno (que se casou com Isabel de Herédia).
O primeiro-ministro, Cavaco Silva, também esteve em foco, nomeadamente por obras que fez em casa (numa marquise e numa casa de banho), em Lisboa, situada numa travessa que por isso se tornaria conhecida — Travessa do Possolo. O chefe do Governo chegou, aliás, a queixar-se ao Parlamento de que o Expresso tinha invadido a sua privacidade, por causa de uma investigação jornalística que nem sequer ainda tinha sido publicada. O caso tinha a ver com a eventual fuga do empreiteiro ao pagamento de IVA.
Outra notícia que causou agitação — e algum alarme foi a decisão espanhola de autorizar mais um transvase gigantesco de águas do Tejo, depois de já ter feito o mesmo em relação ao Douro.
No âmbito internacional destacou-se o atentado da seita religiosa japonesa Verdade Suprema, que libertou gás sarin no metro de Tóquio, fazendo 12 mortos e mais de 5000 intoxicados.
Na primeira semana de agosto, o Expresso fez o já tradicional balanço dos políticos em férias: o líder do PSD, Fernando Nogueira, passava-as em São Pedro do Sul, e o do PS, António Guterres, em Albufeira. O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, estava em Nice.
A descoberta de gravuras rupestres em Foz Côa levou ao adiamento sine die da construção da barragem para aí prevista e a ANA propunha que o novo aeroporto de Lisboa fosse no Montijo. Entretanto, era anunciado que a barragem de Alqueva ia avançar.
A meio do ano, a sida causava dois mortos por dia em Portugal, e, na primeira edição de julho, o Expresso anunciava na primeira página que a comunidade homossexual portuguesa ia reunir-se pela primeira vez publicamente para comemorar o Dia do Orgulho Gay.
Mais para o fim do ano, Portugal anunciava o envio de 900 soldados para a Bósnia, no quadro da força da NATO para controlar os acordos de paz, a Sonae noticiava a criação de um banco e a ex-jornalista Manuela Moura Guedes era a deputada indicada pelo PP para a Comissão de Acompanhamento da Expo’98, projeto que era já alvo de acusações de irregularidades financeiras.
1995 – ano em que o Expresso editou um dos seus maiores sucessos editoriais, o Guia de Portugal, com o qual bateria o recorde de vendas, ultrapassando os 200 mil exemplares – terminou com Sintra a entrar para a lista do Património Mundial da UNESCO.
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